domingo, 4 de dezembro de 2011

Novidades

Novidades fecundas de uma vida demasiada cotidiana esfacelaram um pôr-do-sol da alma. O tempo, mais inexorável maniqueísta, levou o envelhecido e renovou quem carecia, em dores lancinantes, de uma reforma do ser. Os princípios, em desuso, rolaram ladeira abaixo e cairam em um lago imundo de consciência. Emergiram, renovados, num ímpeto de graça e sorte.

domingo, 2 de outubro de 2011

Um eu meteorológico





Chovi meu ser.

Pleiteei a seca da angústia. Ventei mágoas - agitadas mágoas. Alaguei de dor e ardor vidas, principalmente a minha. Sorri nublado vitórias alheias de um mal-tempo pessoal, meus sentimentos encobertos se precipitaram em um dilúvio de lágrimas, apararam-me com um chuva-guarda de esperanças. Então renasci em uma alvorada estonteante de uma alma primaveril.

Encontro-me assim: ensolarado e vivo.

sábado, 1 de outubro de 2011

A vida pulsa

A vida pulsa.

Notei que cultivar uma situação já extinta é perda de tempo, devemos libertar o coração das amarras que nos impedem de sermos plenamente felizes.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Onde é que encontro socorro ?

Eu me derramei. Vivenciei cada momento de maneira singular, intensa e tenra. Preferi acreditar nas relações a acreditar no tempo, senti que era monstruosamente poderoso. Temia a perda, mas acreditava nas pessoas- em cada uma delas. Acreditei em promessas, senti-me cuidado e enganei-me.

Hoje pareço estar vencido, sucumbi-me pelas próprias experiências, sucumbi-me por acreditar em palavras e não duvidar
de sentimentos que pareciam antes evidentes. Tento me desvencilhar da dor, levar a vida de maneira assentimental, esquecer as interrelações, pensar em mim. Tento modelar meu ser de acordo com a alheidade que tomou conta do mundo.

Entretanto, percebo que não encontro grandes alternativas, percebo que faltam soluções e me excedo de problemas.
E sinto cortar no peito uma dor gélida de abandono. E saio, e corro, e fujo, e grito. A dor é lancinante, terrívelmente grande, parece irredutível.

Onde é que encontro socorro ?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sobre mudanças


É absolutamente incrível reparar nas reviravoltas da vida. É enorme a quantidade de mudanças, os sofrimentos viscerais que desaparecem, as aflições que se evaporam, as angústias que sucumbem ao tempo. É incrível observar como quase tudo se superpõe e acaba por abafar o estardalhaço de um problema anterior. 
É uma sucessão de acontecimentos que dilaceram certas antigas coisas e ascendem novos sentimentos.Nossas esperanças sobrevivem exatamente do fato de que a vida é mutável. São novas experiências que se infiltram sorrateiramente em nosso já pedante cotidiano e promovem transformações incríveis. 


É a vida, sucessivas mudanças a cada dia, uma oscilação de idéias, uma erupção plena
de sentimentos, um desdém a estabilidade

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sobre o intenso


Momentos de explosão sentimental são por vezes conselheiros perfeitos. Principalmente no que tange a se renovar, redefinir-se, deixar de ser um mero coadjuvante nessa peça desvairada que é a vida. Momentos em que a ação se sobrepõe ao simples refletir, ou melhor, momentos em que a ação complementa o simples refletir.

Basta descartar o que é velho, inútil e doloroso. Vestir-se do mais belo figurino trazido pela empolgação. Empolgação instatânea, obviamente, mas nem por isso pior conselheira. É relembrar no quão grande é o palco, no quão viva é a cena, no quão bela é a platéia.

Atuar verdadeiramente em meio a quaisquer que sejam os gêneros da vida: tragédia, comédia, romance ou drama. Captar e viver cada cena como singular, que é o que tudo realmente é. E no fim, ser ovacionado de pé pela sua própria consciência.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sobre o encontrar

E eu que pensava que todos tínhamos, pré-destinadamente, um encaixe perfeito para nosso molde de sonhos. Acreditava que nascíamos e nos aproximávamos desse encaixe paulatinamente, até que o encontro, ou melhor, a colisão se tornava inevitável. Duas pessoas projetadas e construídas detalhadamente para serem uma pela outra. Um sentimento gigantesco que explodia no peito e transparecia pelo olhar.

É uma travessia no mar agitado da vida em uma noite escura e tempestuosa sobre uma pequena e frágil jangada, sem perspectiva alguma de aporte. Até que ao longe, nota -se um ponto. Uma luz forte o suficiente para abater toda escuridão daquela vida, toda a bruma e dor se discipa, o medo de vagar sem destino é ofuscado pela vontade resoluta de chegar ao farol. A jangada atraca e toda a cólera marítima da vida cessa. Era exatamente isso o que eu pensava sobre o encontro de duas pessoas pré-destinadas.

Era. Já não é. A pré-destinação inata foi substituída ,em minha mente, pela construção. A fôrma talvez não seja exatamente ideal para comportar todo o material. Então lasca-se parte da forma, ou do material, para isso trabalha-se com ferramentas como tempo, paciência, conversa.  Até que os dois possam ser remontados e construídos em um encaixe perfeito. A pré-destinação inexata e indomável de antes parece pura utopia agora. E isso é maravilhosamente bom. Afinal, o que é a vida ,senão um oceano repleto de possibilidades

É, não sei se é nisso que acredito também. Em minha mente, o embate de pensamentos opulentos e pobres me faz sentir que há três justificativas:
talvez seja o acaso,
talvez seja o destino,
talvez seja conjecturas bobas sobre algo que é simplesmente nada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre a mediocridade


















    

Obtive muitíssimas informações sobre a vida, sobre os outros, sobre um mundo novo já visto por muitos e recém descoberto por mim. E esse mundo que se me apresentou o fez de modo tão rápido, em pouco tempo tudo veio à tona, eu perdi um pouco da noção da minha antiga e medíocre realidade. Perdi por razão das circunstâncias e perdi por própria opção. Foi a perda mais fácil de todas. É, talvez não.

Percebo que, depois de todos esses momentos de múltiplas descobertas, muito se foi e resquícios de mediocridade insistem em querer aparecer. Eu não quero. Quero a minha vida cheia de novidades, novidades compartilhadas, boas tribulações, gente nova e gente interessante ao meu redor. Gente ácida suficiente para corroer toda a massa incólume de mediocridade, porém doce o suficiente para me fazer gostar e reconhecer que se compensa estar vivo, e reconhecer isso pautado em uma felicidade plena e cintilante, e poder ver que já não é tão necessário se prender a sonhos, pois a realidade é grandiosamente boa.

É o que eu quero, livrar-me de qualquer chama de mediocridade que se acende e se ascende. A mediocridade mantém com algumas circunstâncias e algumas pessoas a mesma relação que o fogo mantém com o ar. Cortar, pois, circunstâncias ruins e pessoas perniciosas é o que apaga e impede o incêndio da mediocridade. Combater uma fagulha de mediocridade recém-acesa talvez seja mais fácil que combater uma queimada vil. Contudo e felizmente contudo, é possível que venha uma chuva torrencial de boas novidades e pessoas interessantes. Após isso, todo o incêndio se finda e as águas da torrente se infiltram no solo do ser, antes maltratado, seco e infrutífero; agora novo e vivo.

Há possibilidades, a qualquer momento a chuva vem. Enquanto isso, agarrar-se a extintores e hidrantes, como os bons amigos e como as boas atividades, talvez seja o mais sensato e o mais efetivo no combate das fagulhas de mediocridade que insistem disciplinadas e previsíveis em querer reaparecer.